muitos retalhos

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Pronto.... prometo que vou tentar não pôr mais


Esta é para quem acha que já viu tudo no ABS!!! Quem diria, ein??

Não me canso...


Até na neve o meu marido tem estilo ehehehehehe!

Ainda a neve no Alentejo


Esta foi em Montargil, na guarita.

domingo, janeiro 29, 2006

oh happy day!!

o Sócrates foi para a Suiça, os remunerados para a Serra da Estrela e eu fui para Montargil!!!!! Viva a neve no Alentejo!!!

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Pede-se experiência

Mais um que me chegou pela net e que realmente... !

«A redacção que se segue foi escrita por um candidato numa selecção de Pessoal na Volkswagen. A pessoa foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade.

Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo. Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; já estive sob o chuveiro até fazer chichi. Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro. Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer. Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma arvore para roubar fruta, já caí por uma escada. Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte. Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única. Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir meus lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar. Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial, já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar. Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um "para sempre" pela metade. Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; Já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.
Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel: " -Qual é a sua experiência?" Essa pergunta fez eco no meu cérebro. "Experiência.... Experiência... Será que cultivar sorrisos é experiência?
Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário: " -Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???"»

domingo, janeiro 15, 2006

1980 - antes ou depois?

Cheguei ao post n.º 100!! E para comemorar fui buscar um texto especialmente dedicado aos nascidos antes de 1980 (um "remember") e também aos nascidos depois de 1980 (uma aula de história). Silvia Xtina, só tu para arranjares uma relíquia destas!

NASCIDOS ANTES DE 1980 - SOMOS HERÓIS...AINDA ESTAMOS VIVOS!
Para quem nasceu antes de 1980.... Vendo bem as coisas..., é difícil acreditar que estejamos vivos hoje!
Quando éramos pequenos, viajávamos de carro (aqueles que tinham a sorte de ter um...) sem cintos de segurança, sem ABS e sem air-bag!
Os frascos de remédios ou as garrafas de refrigerantes não tinham nenhum tipo de tampinha especial... vinham embaladas sem instrução de uso...
Bebíamos da torneira e nem se conhecia água engarrafada! Que horror!!!!
Andávamos de bicicleta sem usar nenhum tipo de protecção e passávamos as tardes a construir carrinhos de rolamentos.
Atirávamo-nos ladeira abaixo e esquecíamo-nos que não tínhamos travões até que uma qualquer calçada ou árvore se nos deparasse no trajecto... Depois de muitos acidentes de percurso, aprendíamos a resolver o problema...SOZINHOS....!!!!
Nas férias, saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo; os nossos pais às vezes não sabiam exactamente onde estávamos, mas sabiam que não estávamos em perigo.
Não existiam telemóveis! Incrível!!!!!!!!
Quantas nódoas negras, braços partidos, dentes arrancados com o embate de quedas... Lembram-se destes incidentes? Janelas quebradas, jardins destruídos, as bolas que caíam no terreno do vizinho... Havia brigas e, às vezes, muitos olhos negros. E mesmo feridos e chorosos, tudo passava depressa; na maioria das vezes, nem mesmo os nossos pais descobriam...
Comíamos doces, pão com muita manteiga... E ninguém era obeso... No máximo, era-se um gordinho saudável... Dividia-se uma garrafa de sumo, refrigerante ou até uma cerveja às escondidas, entre três ou quatro petizes e ninguém morreu por causa de doenças infecciosas!
Não existia a Playstation, nem a Nintendo... Não havia TV por cabo, nem vídeo, nem computador, nem Internet...
Tínhamos, simplesmente, amigos!
Andava-se de bicicleta ou a pé. Íamos a casa de amigos, tocávamos à campainha, entrávamos e conversávamos.... Sozinhos, num mundo frio e cruel!!!!!!!! Sem nenhum controlo!
Como sobrevivemos????
Inventávamos jogos... com pedras, feijões ou cartas...Brincávamos com pequenos monstros: lesmas, caramujos, e outros animaizinhos, mesmo se nossos pais nos dissessem para não fazermos isso!
Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros e tiveram que refazer parte do Liceu. Que horror! Não se mudavam as notas e ninguém passava de ano, mesmo não passando... Os professores eram insuportáveis! Não davam abébias... Os maiores problemas na escola eram: chegar atrasado, mastigar pastilhas na aula ou mandar bilhetinhos gozando com a professora. Correr demais no recreio ou faltar à aula só para ficar a jogar à bola no campo...
As nossas iniciativas eram "nossas", mas as consequências também!
Ninguém se escondia atrás do outro... os nossos pais estavam sempre do lado da Lei quando transgredíamos as regras! Se nos portávamos mal, os nossos pais colocavam-nos de castigo e incrivelmente, nenhum deles foi preso por isso! Sabíamos que quando os pais diziam "NÃO", era "NÃO".
Recebíamos brinquedos no Natal ou no aniversário e não de todas as vezes que íamos ao supermercado... Os nossos pais nos davam presentes por amor, nunca por culpa...
Por incrível que pareça, as nossas vidas não se arruinaram por não ganharmos tudo o que gostaríamos, que queríamos....
Esta geração produziu muitos inventores, artistas, amantes do risco e óptimos "inventores" de soluções. Nos últimos 50 anos, houve uma desmedida explosão de inovações e tendências... Tínhamos liberdade, sucessos, algumas vezes problemas e desilusões, mas tínhamos muitas responsabilidades... E não é que aprendemos a resolver tudo?... e sozinhos...
Se é um destes sobreviventes.... PARABÉNS!!!!!!

terça-feira, janeiro 10, 2006

alguém disse que temos falta de ordem??

Estava eu a passar os olhos pela imprensa, quando deparo com a seguinte notícia, para mim, ao mesmo tempo patética e quase hilariante que saiu no Público (versão on-line). Muitas ideias me assaltam o pensamento entre as quais, estas: em final de "carreira", os últimos actos aparentemente úteis do PR resumem-se a escrever livros com discursos e condecorações em série? num país tão desordenado como o nosso.... até cai mal tanta ordem!
Lede, meus caros, lede!

«O Presidente da República, Jorge Sampaio, vai agraciar amanhã, a título póstumo, o antigo ministro das Finanças António de Sousa Franco com a Ordem de Santiago da Espada.

Na mesma cerimónia, Jorge Sampaio agracia também a professora universitária Isabel de Magalhães Collaço, igualmente a título póstuma, com a mesma condecoração.

Antes, o chefe de Estado entregará a Grã-Cruz da Ordem de Cristo à deputada socialista e antiga ministra Maria de Belém Roseira e agraciará a viúva de Salgado Zenha, Maria Irene Salgado Zenha, com o Grande Oficialato da Ordem do Mérito.

Numa agenda marcada pelas condecorações, Jorge Sampaio agraciará ainda com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, também em forma póstuma, o galerista Manuel de Brito. A viúva deste, a também galerista Maria Arlete Alves da Silva, e o professor universitário Salvato Vilaverde Pires Trigo passam a ser comendadores da Ordem do Infante D. Henrique.

O Presidente da República condecora ainda Mário Brochado Coelho como comendador da Ordem da Liberdade e o comandante Nuno Marques Antunes como comendador da Ordem do Mérito.

O economista Raul Junqueiro passa a ser Grande Oficial da Ordem do Mérito a título póstumo, tal como também é póstuma a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública para o professor Aloísio Coelho.

Finalmente, Hans Joerg Boehm, pioneiro na certificação de vinho em Portugal, passa a ser comendador da Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial.»

Para quando um referendo nacional para sugerir novos nomes de ordens?? Se calhar isso sim é uma coisa prioritária, neste país em que aparentemente o acessório é essencial, enquanto que o essencial é algo chato, que mói e que deve ser cuidadosamente embalado e muito bem acondicionado para posterior avaliação por parte de uma qualquer sempre útil e imprescindível Comissão de Inquérito.
E para quando uma atribuição da GRANDE ORDEM DO RIDÍCULO à nossa governação (todos, todos, mesmo todos)??

segunda-feira, janeiro 09, 2006

simplesmente Jodie Foster

Ontem fui ver o Flightplan...
E já era tempo de fazer aqui uma referência a essa actriz que dá pelo nome de Jodie Foster. Sim, é a minha favorita. Com um curriculo que abrange a representação, a produção e a realização, deixo aqui alguns que estão relativamente frescos na minha memória (sei que provavelmente são os mais vistos / conhecidos, mas... infelizmente não vi muito mais dela): "Taxi driver", "The accused", "The silence of the lambs", "Sommersby", "Nell", "Contact", "Panic room" e agora o "Flightplan". Estão à vontade para acrescentar!
Quanto a actores... bem... aí já estou mais dividida mas no que toca ao universo feminino é mesmo a Jodie Foster que se sobrepõe às outras. Razões? Desculpem mas não me está a apetecer muito enumerar. Gosto e pronto. Acho a representação dela fenomenal. E mais não digo!

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Sei que é um bocadito longo, mas leiam!

O texto que se segue, da autoria da Matilde Rosa Araújo, fez parte do programa do meu 6º ano de escolaridade. Um texto que, na altura não me deixou indiferente e que até hoje não esqueci. Este ano, ao remexer nestes velhos livros em busca de algo para os meus explicandos, voltei a dar de caras com esta pérola. Deixo-o aqui. Sei que é longo, mas tenham paciência e leiam-no. E acima de tudo, que possam tirar algo dele. Que ele possa mexer tanto convosco como mexeu comigo na altura!

A fita vermelha
Eu tinha começado a ensinar. Era muito nova então. Quase tão nova como as meninas que eu ensinava. E tive um grande desgosto. Se recordar tudo quanto tenho vivido (já há mais de vinte anos que ensino), sei que foi o maior desgosto da minha vida de professora. Vida que muitas alegrias me tem dado. Mais alegrias que tristezas.
Se vos conto este desgosto tão grande, não é para vos entristecer. Mas para vos ajudar a compreender, como só então eu pude compreender, o valor da vida. O amor da vida. O valor de um gesto de amor. O seu «preço», que dinheiro algum consegue comprar.
Eu ensinava numa escola velha, escura. Cheia do barulho da rua, dos «eléctricos» que passavam pelas calhas metálicas. Dos carros que continuamente subiam e desciam a calçada. Até das carroças com os seus pacientes cavalos.
A escola era muito triste. Feia. Mas eu entrava nela, ou digo antes, em cada aula, e todo o sol estava lá dentro. Porque via aqueles rostos, trinta meninas, olhando para mim, esperando que as ensinasse.
O quê? Português, francês. Hoje sei, acima de tudo, o amor da vida.
Com toda a minha inexperiência. Com todos os meus erros. Porque um professor tem de aprender todos os dias. Tanto, quase tanto ou até muito mais que os alunos.
Mas, desde o primeiro dia, compreendi que teria nas alunas a maior ajuda. O sol, a claridade que faltava àquela escola de paredes tristes. A música estranha e bela que ia contrastar com os ruídos dos «eléctricos», dos automóveis da calçada onde ficava a escola. Até com o bater das patas dos cavalos que passavam de vez em quando.
Porque, mais que português e francês, havia uma bela matéria a ensinar e a aprender. Foi nessa altura que comecei mesmo a aprender essa tal matéria ou disciplina - ou antes, a ter a consciência de que a aprendia.
Eu convivia com jovens (seis turmas de trinta alunos são perto de duzentas) que no princípio de Outubro me eram desconhecidas. Cada uma delas representava a folha de um longo livro que no princípio de Outubro me era desconhecido. Todas eram folhas de um longo livro por mim começado a conhecer. Não há ser humano que seja desconhecido de outro ser humano. Só é precisa a leitura.
Eu tinha agora ali perto de duzentas amigas. Todas aquelas meninas confiando em mim, esperando que as ensinasse; sorrindo, quando eu entrava, assim me ensinavam quanto lhes devia.
Mas um dia. Eu conto como aconteceu o pior. E conto-o hoje, a vós, jovens, que me podem julgar. Julgar-me sabendo este meu erro. E evitarem, assim, um erro semelhante para vós mesmos.
Já era quase Primavera. Na rua, não havia árvores nem flores. Só os mesmos carros com o seu peso e a violência da sua velocidade. Gritos de vez em quando. Uma Primavera só no ar adivinhada.
Numa turma uma aluna faltava há dias. Era a Aurora.
Morena, de grandes olhos cheios de doçura. Talvez triste.
A Aurora estava doente. Num hospital da cidade, numa enfermaria. Num imenso hospital.
Olhei o retratinho dela, na caderneta.
Retratinho de «passe», num sorriso de nevoeiro de uma modesta fotografia. Tão cheia de doçura a Aurora! Doente, do hospital tinha-me mandado saudades.
- Vou vê-la no próximo domingo - anunciei às companheiras.
E tencionava ir vê-la mesmo no próximo domingo.
Mas o próximo domingo foi cheio de sol. Sol do próprio astro, quente, luminoso. Igual e diferente, ao mesmo tempo, do sol-sorriso das meninas.
E eu, a professora, ainda jovem, que gostava de sol, fui passear. Ver mar? Campos verdes? Flores?
Já nem me lembro. E da Aurora me lembraria se a tivesse ido visitar.
Começava a Primavera.
Adiei a visita naquele próximo domingo, para outro dia, para outro próximo domingo.
Hoje sei que o amor dos outros não se adia.
Aurora esperou-me toda a tarde de domingo, na sua cama branca, de ferro.
Tinha posto uma fita vermelha a segurar os cabelos escuros. Esperava-me, esperava a minha visita, cuja promessa as companheiras lhe haviam transmitido.
Veio a família: mãe, pai, irmãos, amigos, as colegas.
- Estou à espera da professora...
No dia seguinte a doença foi mais poderosa que a sua juventude, a sua doçura, a sua esperança.
A cabeça escura, sem a fita vermelha, adormeceu-lhe profundamente na almofada, talvez incómoda, do hospital.
Sabemos todos já, amigos, que há vida e morte. Também isso temos de aprender.
Não fiquem tristes por isso. Vejam como as flores nascem quase transparentes da terra, como as podemos olhar à luz dos Sol, e morrem, para de novo nascerem.
Lembrem-se como de um ovo de um pássaro podem sair asas que voem tão alto em dias de Primavera. E morrem, também, e todas as primaveras nascem de novo. E, sobretudo, lembrem-se do coração de cada um de nós, desta força imensa.
E não adiem os vossos gestos. Procurar alguém que sofra, que precise de nós, nem sequer é um gesto generoso, deve ser um gesto natural que não se adia.
Às vezes até precisamos uns dos outros para dizermos que estamos felizes, contentes. Só para isso. Mesmo felizes precisamos dos outros.
*
Aurora ensinou-me para sempre esta verdade.
As lágrimas que por ela chorei já não lhe deram aquela visita do próximo domingo.
Nem a mim a alegria de a encontrar sorrindo, cheia de doçura, com uma fita vermelha a prender os cabelos escuros. Vermelha de sangue, como a vida. O Sol. Flores vermelhas.
Aurora era o seu nome. E a sua vida uma manhã apenas que, na minha distracção ou egoísmo, não tive tempo de olhar. Uma manhã com uma fita vermelha. Que lágrima nenhuma pode reflectir.