sexta-feira, outubro 07, 2005

Poemas IV

Mais um "nocturno". Este vem de sangue alentejano: Florbela Espanca. Data de registo: Julho 1995.

NOITINHA
A noite sobre nós se debruçou...
Minha alma ajoelha, põe as mãos e ora!
O luar, pelas colinas, nesta hora,
É a água de um gomil que se entornou...

Não sei quem tanta pérola espalhou!
Murmura alguém pelas quebradas fora...
Flores do campo, humildes, mesmo agora,
A noite, os olhos brandos, lhes fechou...

Fumo beijando o colmo dos casais...
Serenidade idílica de fontes,
E a voz dos rouxinóis nos salgueirais...

Tranquilidade... calma... anoitecer...
Num êxtase eu escuto pelos montes
O coração das pedras a bater...