Poemas I
Encontrei um caderno A5 capa preta (tinha de ser, não é, Nélia?) onde transcrevi alguns poemas que, nalguma altura da minha vida, me despertaram o interesse. Deixo aqui dois, transcritos em Julho de 1997, que, tendo em conta a actual conjuntura (nacional e internacional), acho que se adequam bastante. Autor de ambos: Paulino António Cabral
FELICIDADE RÚSTICA
É bem feliz, por certo, o que somente
Ao rústico lavor acostumado
Conduzir sabe os bois, reger o arado
E dar à terra a próvida semente.
A arte de a lavrar sempre inocente
Estuda só, e ignora afortunado
As novas leis, as máximas do Estado,
E os documentos de enganar a gente.
Projectos vãos não forma, e sempre isento
Da soberba ambição, nunca a Lisboa
Foi dobrar o joelho ao valimento.
Cabana humilde, onde nasceu, povoa;
E seguro no próprio abatimento,
Só tem medo do céu, quando trovoa.
VIDA ALDEÃ
Depois que nesta aldeia no retiro
A vide podo, enxerto o catap'reiro,
Cultivo o meu casal, e do ribeiro
Eu mesmo as águas para o campo tiro;
Depois que a recolher somente aspiro
Do meu trabalho o fruto verdadeiro,
Outros bens não pretendo, e deste outeiro
Ao mundo enganador as costas viro.
Procure-os quem quiser e diligente
Para os lograr o mercador ousado
Travesse o mar e outras nações frequente;
Às costas passe; e em tudo afortunado
Títulos compre ilustres; que eu contente
Sem eles vivo aqui, mas sossegado.
FELICIDADE RÚSTICA
É bem feliz, por certo, o que somente
Ao rústico lavor acostumado
Conduzir sabe os bois, reger o arado
E dar à terra a próvida semente.
A arte de a lavrar sempre inocente
Estuda só, e ignora afortunado
As novas leis, as máximas do Estado,
E os documentos de enganar a gente.
Projectos vãos não forma, e sempre isento
Da soberba ambição, nunca a Lisboa
Foi dobrar o joelho ao valimento.
Cabana humilde, onde nasceu, povoa;
E seguro no próprio abatimento,
Só tem medo do céu, quando trovoa.
VIDA ALDEÃ
Depois que nesta aldeia no retiro
A vide podo, enxerto o catap'reiro,
Cultivo o meu casal, e do ribeiro
Eu mesmo as águas para o campo tiro;
Depois que a recolher somente aspiro
Do meu trabalho o fruto verdadeiro,
Outros bens não pretendo, e deste outeiro
Ao mundo enganador as costas viro.
Procure-os quem quiser e diligente
Para os lograr o mercador ousado
Travesse o mar e outras nações frequente;
Às costas passe; e em tudo afortunado
Títulos compre ilustres; que eu contente
Sem eles vivo aqui, mas sossegado.
1 Comments:
É tão bom viver no campo!!! :)
(ºº)
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