muitos retalhos

terça-feira, outubro 30, 2012

Chove!

 Este já tinha sido postado em Novembro de 2009, mas gosto muito para deixar na gaveta.... e neste momento chove tanto que merece este poema!

NOITES DE CHUVA

Eu não sei, ó meu bem, cheio de graças
Se tu amas no Outono - já sem rosas -
A longa e lenta chuva nas vidraças,
E as noites glaciais e pluviosas!...

Nessas noites sem luz que - visionários -
Temos quimeras místicas, celestes,
E cismamos nos pobres solitários
Que tiritam debaixo dos ciprestes!...

Que evocamos os lírios passados,
As quimeras e as horas infelizes,
Os velhos casos tristes e olvidados,
E os mortos corações sob as raízes!...

Nessas noites, meu bem, em que desfeito
Cai o frio granizo nas estradas
E tanto apraz, sonhando, sobre o leito,
Ouvir a longa chuva nas calçadas!...

Nessas noites eléctricas, nervosas,
Todas cheias de aromas outonais,
Que a tristeza tem formas monstruosas,
Como, num sonho, os pórticos claustrais.

Noites só em que o sábio acha prazeres,
- Tão ignorados dos cruéis profanos! -
E em que as nervosas, místicas mulheres,
Desfalecem, chorando, nos planos.

Nessas noites, meu bem! É que os poetas
Têm às vezes seus sonhos mais brilhantes,
Folheiam suas obras predilectas...
- E evocam rostos... e visões distantes!

Gomes Leal

quarta-feira, outubro 24, 2012

Encher o saco

Em dia de aniversário do marido, passado em Lisboa, vim de lá com muitos extras apetecíveis:

1: As caches (sim, para quem não sabe, a febre do Geocaching já me apanhou)


 2. A pré-compra do "Mixórdia de Temáticas", com direito a 2 crachás para a minha mala catita eheh


3. A agradável surpresa da versão BD do livro Excalibur (os espertos vão lançar em vários volumes, mas tudo bem), ainda por cima com a direcção e cenários do Istin, que eu tanto tanto aprecio :)

domingo, outubro 14, 2012

Jardim secreto

 Ei, jardim secreto! Corro ofegante em busca da tua porta..... será que perdi o trilho? As ervas daninhas começaram a  cobri-lo... As lágrimas não deixam ver mas conheço ainda por onde me guiar... Antes, o denso nevoeiro não me impedia de chegar aí... Ah, memórias de dias guardados nos teus muros. Éramos cúmplices, lembras-te? Cuidávamo-nos mutuamente. Mas eu deixei-te.... as luzes chamaram-me e eu fui.... terei a tua chave no bolso? Deixa-me voltar a entrar. Seremos de novo a companhia um do outro, a cumplicidade um do outro. Tu permitias o meu deambular, o meu aninhar, o meu cantarolar, o meu calar. Ainda aí estão aquelas árvores frondosas? As que protegiam da chuva? Ainda aí está aquela gruta? Sim, limparei o trilho que cercava o lago. Mas deixa estar o do lado de fora. Assim, ninguém nos descobre. E voltaremos a sorrir. No nosso mundo de pequenez. Na nossa pequenez que é um mundo para nós. Desdenham de nós. Riem de nós. Seremos sempre pequenos seres ao lado das suas luzes ofuscantes... Mas esse universo gigante transborda de constelações! E de estrelas! Ele está preenchido e satisfeito! Seremos um detalhe neste enorme ecossistema. Detalhe insignificante. E a insignificância nos protegerá. Dizem que vai chover muito. Mas na gruta nunca chovia, lembras-te?
Estive tempo demais fora, não foi? Mas vim a tempo de ver brotar o verde!
Estou aqui! Acho que encontrei o caminho! Mas já é tão escuro, tão tarde!
Limpo os olhos na tentativa de ver melhor.
Será este?
E a chave? Eu tinha-a aqui........




Por favor, não partilhar. Obrigada.

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Depois de ter lido "Um ano à beira-mar" já há muito tempo, encontrei, da mesma autora, "Passeio à beira-mar", que surgiu na sequência do outro. Estou a gostar imenso, a embrenhar-me muito nas páginas do livro e a beber o que vai surgindo... Aconselhado a mulheres, profissionais, já com vida feita e casadas. E mais não digo.