quinta-feira, dezembro 31, 2009

"No deserto" - Clarisse Barros

«El-Shaddai
Eu sei que é tempo de partir rumo ao deserto
Eu sei que há um ribeiro a fluir no ermo para mim
Por entre a terra seca e árida

Por entre o grito de pássaros aflitos
Ouço a água que corre solitária
Cheia de promessas e de vida

Os meus passos levam-me ao deserto
E na quieta solitude do silêncio
Aprendo a Teus pés a lição de cada dia -
A arte da quietude de quem confia
No Deus Omnipotente

No deserto.
No deserto tenho fome e sede de Deus.
No deserto aprendo a distinguir entre o que é mesmo importante e o que não importa assim tanto.
No deserto não encontro ninguém além de Deus ao meu lado; ninguém me ama a esse ponto, ao ponto de vir ficar comigo no deserto por tempo indeterminado. Alguns não conseguem velar comigo nem uma hora; outros passam por aqui, demoram-se um pouco, compadecem-se, dão ideias e conselhos, e depois seguem o seu próprio caminho, enquanto eu continuo no deserto, na dependência do Pai, sem mais ninguém.
Não quero ter miragens neste deserto. Quero que a visão fique clara como nunca, límpida, e me faça ficar firme como vendo o Invisível.
Eu clamo, Amado Senhor, com toda a minha alma: faz-me forte no deserto. Este é o meu campo particular de treinamento agora e eu compreendo isso. Faça-se em mim segundo a Tua vontade.»