Um dia na cidade grande
Foi a muito custo que me levantei às 5 e picos da manhã para apanhar o expresso das 6.30 que me levaria a Lisboa. Motivo: formação. Abro a porta de casa e deparo-me com um frio cortante (mais ainda que no meu iglô-casa), acompanhado de um nevoeiro cerrado. Segui pelas ruas desertas e fantasmagóricas, banhadas pela luz amarela dos candeeiros, sempre com aquela névoa por companhia.
O expresso partiu. Os phones envolviam-me com Muse ao vivo em Wembley e, após o ar condicionado estar quase no ponto e a manta nos joelhos começar a fazer efeito, adormeci. Acordei com paisagens completamente ocultas pelo nevoeiro denso e adormeci de novo. Voltei a acordar e a chuva fustigava a vidraça da janela. "Ui, que tempo bom para percorrer a cidade a pé" - pensei.
Cheguei a Lisboa e corri para o metro. Tinha 45 minutos para chegar ao IPJ de Moscavide. E foi engraçado observar as cenas que, aqui na província, só assistimos nos filmes e na TV (e no Gosto Disto eheh): o metro, apinhado de gente, e os utentes a empurrarem furiosamente quem estava de fora, na tentativa de caber toda a gente. Não consegui entrar no primeiro, e fiquei "enlatada" no segundo. Mudança de linha, passo frenético dos meus companheiros de transporte e eis-me no Oriente. Em passo apressado, e paralelamente ao rio lá fui até Moscavide. O Goggle Maps diz-me que percorri 1 km. Voltei ao Vasco da Gama para almoçar, o que significa que fiz 4 km hoje!
Gosto de percorrer a cidade sozinha. Gosto do nervoso miudinho causado pela sensação momentânea de "será que é por aqui?". Enquanto deambulava, a minha imaginação produziu narrativas que entretanto se perderam. Recuei a memórias de dias agradáveis na cidade grande e senti saudade. Observei atentamente todas as pessoas e tentei imaginar histórias de vida. Gosto de observar a correria do povo. Gosto de observar a heterogeneidade, a miscelânea, os estilos. Gosto de fabular, cantarolar.... falar alto! Espreitei montras e tracei perfis de consumidores de espaços de restauração. Descobri uma livraria Almedina (a minha fonte de códigos judiciais!) e observei a movimentação do Campus de Justiça, magicando os casos, quem seriam os arguidos, as testemunhas, as famílias. Contemplei os edifícios envidraçados. Gosto de me imaginar num andar acima da dezena, numa assoalhada com parede envidraçada, a contemplar a vida nocturna de uma qualquer metrópole.
Vim de lá cansada. Satisfeita com a formação. Satisfeita com o "espairecer" em tempo de trabalho. Gostei do meu dia à beira-Tejo. Gostei de percorrer uma zona da cidade que frequento pouco. Gostei de reencontrar a senhora das castanhas do Jardim Zoológico que me desejou "muita sorte, menina!" Gostei de contrariar o frio com o meu capuz quentinho. Gostei do presunto bem salgado da sandes matinal...
O expresso partiu. Os phones envolviam-me com Muse ao vivo em Wembley e, após o ar condicionado estar quase no ponto e a manta nos joelhos começar a fazer efeito, adormeci. Acordei com paisagens completamente ocultas pelo nevoeiro denso e adormeci de novo. Voltei a acordar e a chuva fustigava a vidraça da janela. "Ui, que tempo bom para percorrer a cidade a pé" - pensei.
Cheguei a Lisboa e corri para o metro. Tinha 45 minutos para chegar ao IPJ de Moscavide. E foi engraçado observar as cenas que, aqui na província, só assistimos nos filmes e na TV (e no Gosto Disto eheh): o metro, apinhado de gente, e os utentes a empurrarem furiosamente quem estava de fora, na tentativa de caber toda a gente. Não consegui entrar no primeiro, e fiquei "enlatada" no segundo. Mudança de linha, passo frenético dos meus companheiros de transporte e eis-me no Oriente. Em passo apressado, e paralelamente ao rio lá fui até Moscavide. O Goggle Maps diz-me que percorri 1 km. Voltei ao Vasco da Gama para almoçar, o que significa que fiz 4 km hoje!
Gosto de percorrer a cidade sozinha. Gosto do nervoso miudinho causado pela sensação momentânea de "será que é por aqui?". Enquanto deambulava, a minha imaginação produziu narrativas que entretanto se perderam. Recuei a memórias de dias agradáveis na cidade grande e senti saudade. Observei atentamente todas as pessoas e tentei imaginar histórias de vida. Gosto de observar a correria do povo. Gosto de observar a heterogeneidade, a miscelânea, os estilos. Gosto de fabular, cantarolar.... falar alto! Espreitei montras e tracei perfis de consumidores de espaços de restauração. Descobri uma livraria Almedina (a minha fonte de códigos judiciais!) e observei a movimentação do Campus de Justiça, magicando os casos, quem seriam os arguidos, as testemunhas, as famílias. Contemplei os edifícios envidraçados. Gosto de me imaginar num andar acima da dezena, numa assoalhada com parede envidraçada, a contemplar a vida nocturna de uma qualquer metrópole.
Vim de lá cansada. Satisfeita com a formação. Satisfeita com o "espairecer" em tempo de trabalho. Gostei do meu dia à beira-Tejo. Gostei de percorrer uma zona da cidade que frequento pouco. Gostei de reencontrar a senhora das castanhas do Jardim Zoológico que me desejou "muita sorte, menina!" Gostei de contrariar o frio com o meu capuz quentinho. Gostei do presunto bem salgado da sandes matinal...
7 Comments:
é pah passas-te por mim e nem vieste a minha casa, pois é moro mesmo em moscavide. beijinhos
filipe
gostei da descrição e da leitura :)
Linda, gostaste de muita coisa, menos de te teres esquecido do fantástico guarda-chuva na Zara... enfim... isso resolve-se. Segunda já o tens ;)
Raquel Santos
Bem... depois desta bela descrição, acho que também me levantei às 5 e tal e fui passear pela capital.
:*
passeios solitários por lisboa são kind of magical.
sara f
oh minha querida ana escreves tão bem!tens uma alma cheia de poesia...lovely.
ilda
Gosto de passear pela cidade
Gosto do barulho e da confusão
Gosto de observar como as pessoas são sempre mais importantes e têm de entrar no metro primeiro
Gosto ir calmamente no meio a multidão e olhar as pessoas olhos nos olhos e ser ignorado
Não gosto do frio...
Enviar um comentário
<< Home